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DESIGN DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE

1. Explorando e entendendo o problema

Partindo-se do pressuposto que a sala de aula está consensualmente ligada ao am­biente físico de trabalho, faz-se necessária a aplicação dos resultados de pesquisas e estudos a fim de melhorar as condições encontradas em sala de aula [Nunes et al, 1985]. De acordo com Cunha e Esteves (ABIME, 2001), autores do Manual Prático do Mobiliário Escolar, o acondicionamento do mobiliário dentro do ambiente sala de aula e as tendências do ensino, estão diretamente ligados à estruturação social da época. As relações intrapessoais sofreram grandes modifi­cações com o passar dos anos, em especial a tratada neste trabalho, a relação entre alunos e professores, antes o meio de comunicação era a palmatória, hoje é o dia­logo. Tal evolução pode ser encontrada nos móveis escolares, que evoluíram sim, mas infelizmente, não acompanharam a velocidade dessa transformação.


Apesar das mudanças nos níveis dos relacionamentos sociais, tendo como uma de suas conseqüências a transformação social, a exemplo da relação mestre x discípulo, a carteira escolar não sofreu tanto a influencia dessas transformações. Com o avanço dos estudos e análises ergonômicas, e de acordo com a NBR 14006/2003 em vigor, publicada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), os móveis estão cada vez mais adaptados, entretanto, ainda longe das reais necessidades de seu público-alvo seja por fatores econômicos, seja pela pouca difusão e conscientização da população sobre o quanto esse mobiliário influencia de forma definitiva na vida de uma pessoa.

Segundo Moro (2005), a cadeira - carteira deve favorecer a boa postura e não obri­gar o usuário a mantê-la e que o maior problema no ambiente de trabalho, não é a postura em si, mas o tempo que ela é mantida. Para Perez (2002), a posição sentada aliada a um mobiliário escolar, é incompatível com o instinto do ser humano de se manter em movimento, promovendo patologias muscoesqueléticas. Mais es­pecificamente no período que marca o fim da infância para a puberdade, é que tais disfunções tendem a surgir, frente a carteira escolar utilizada nas escolas e a pouca ou quase nenhuma atenção dada à forma como a criança senta.

Consequentemente, uma maior busca pela qualidade técnica vem sendo explorada para garantir maior durabilidade a esse produto, menor dano ao meio ambiente e que possa se adequar a maior variedade possível de usuários. Além da necessidade de se desenvolver um móvel que respeite as diferenças fazem parte de um dos grandes desa­fios do profissional de Design. Como adequar um único mobiliário a biótipos tão diver­sos? Magros, altos, obesos, alguma deficiência motora entre tantas outras variações.


Este projeto é resultado de duas grandes preocupações, uma trata-se do desenvolvi­mento de um mobiliário ergonômico e a outra, encerra-se na sustentabilidade. Para a primeira, foram aplicadas pesquisas e análises a nível antropológico e ergonômico, de forma participativa com os agentes do cenário escolar (alunos, professores, diretores e pais).

Para a segunda questão, sobre a sustentabilidade, a matéria-prima escolhida foi o bambu, considerado como a “madeira do século 21”, suas longas fibras vegetais podem ser moldadas ou desfiadas para aplicações diversas, tornando este material uma fonte infinda para designers, arquitetos, engenheiros, artesãos e outros profissionais. Em torno de dois anos após seu plantio, apresenta resistência mecânica estrutural seis vezes maior que a do concreto. Baixo custo, resistência, leveza, rápido crescimento e multifuncionalidade são algumas de suas principais vantagens quando comparado com a tradicional madeira. É notório que o designer deve levar esses fatores em consideração na hora de pro­jetar um mobiliário escolar, utilizando o avanço tecnológico em favor da ergonomia e do meio ambiente. Assim como a indústria moveleira, escolas, pais e alunos têm importante participação na consolidação do uso do mobiliário mais adequado às ativi­dades escolares.


1.1 Problemas atuais

Segundo Corlett, Wilson e Manenica (1986) e Mandal (1981), as más posturas da coluna vertebral ao sentar são causadoras de dores nas costas, principalmente, se­gundo Chaffin e Anderson (2001) nas regiões cervicais, glúteas e lombares. Em defesa da posição sentada as seguintes afirmações são feitas e entre parênteses são realizadas críticas sobre elas:

- Baixa solicitação da musculatura dos mem­bros inferiores, reduzindo, assim, a sensação de desconforto e cansaço (também conhecido como sedentarismo); Possibilidade de evitar posições forçadas do cor­po (por conta da quantidade de horas as crian­ças adotam posturas desfavoráveis ocorrendo lordoses ou cifoses excessivas); Menor consumo de energia (o que contradiz a fase mais enérgica da vida, fazendo com que a criança fique irrequieta); Facilitação da circulação sangüínea pelos membros inferiores (o que realmente acon­tece é uma estase sangüínea nos membros inferiores, situação agravada quando há compressão da face posterior das coxas ou da panturrilha contra a cadeira, se esta estiver mal posicionada).

Com o descuido para com a qualidade das carteiras escolares, nas escolas brasileiras, é comum encontrar a seguinte situação: pela manhã, nas salas, são ministradas aulas para adolescentes na faixa dos 15 aos 17 anos, à tarde, para crianças de 7 a 9 anos e à noite para adultos do EJA (Educação de Jovens e Adultos). O uso de um mesmo mobiliário em tal situação causa problemas médicos, lesões na coluna, o desconforto leva a falta de atenção, consequentemente, os estudantes ficam mais agitados e me­nos atentos às suas atividades.


1.2.Números (economia e usuários)

Os dados finais do Censo Escolar 2009 foram publicados no Diário Oficial da União do dia 30/11/2009 Seção I, páginas 28 a 643, por meio da Portaria nº 1.120, mostram que o Brasil possui cerca de 43 milhões de estudantes em salas de aula. Sendo que 34% (14.946.313) desses estudantes são do Ensino Fundamental dos anos iniciais, somando-se o ensino parcial e integral, que pela Lei Federal 11.274/06 no art. 32, é obrigatório e deve ter duração de no mínimo 9 (nove) anos. A idade mínima prevista para o ingresso no ensino fundamental é de 6 (seis) anos de idade e este serviço é gratuito nas escolas públicas.



1.3.Bambu

Esse vegetal oferece um perfeito balanceamento com a terra, fornece o que se precisa para o pre­sente sem roubar do passado ou fazer empréstimo do futuro (BESS, 2001: 224).


Como matéria-prima e se comparado a outras ár­vores, o bambu tem enorme potencial ecológico. Biologicamente falando, o bambu não é madeira e sim um tipo de grama. E como vegetal, cresce mais rápido do que qualquer outra árvore no planeta.Um material resistente se recupera mesmo após um mau ano ou uma má estação, totalmente natural ca­paz de substituir madeira, concreto e tijolos, e apesar de muito usado em países como Japão, China e Índia, no Brasil, poucas pessoas conhecem e trabalham de fato com o bambu. Suas fibras são longas, mais resistentes, flexíveis e de qualidade supe­rior às de madeira, podendo reduzir pela metade o custo de uma obra, já que possui a capacidade de aproveitamento em 90% da construção. E ainda pode ser usado para reduzir a erosão do solo (CPJUS, Momento Ambiental, 19 de janeiro, 2009).


No site do Bambu Brasileiro (Plantio e morfologia) informa que como a estrutura do bambu é subterrânea, seus rizomas (caule subterrâneo que cresce hori­zontalmente), reproduzem-se e afastam-se do bambu, permitindo a colonização de novo território. O rápido crescimento e amadurecimento do bambu acontecem em três a quatro anos, mais rápido que a mais rápida árvore (a Pau-de-balsa que varia entre cinco e sete anos). A partir do terceiro ou quarto ano já é possível colher os col­mos e brotos do bambu que podem ser usados na culinária. Não há exigência de téc­nicas complexas para o seu cultivo, sendo realizado de forma manual e sua colheita o fortalece. E seu peso leve, em comparação com as madeiras, facilita o manuseio e transporte.

Quanto ao plástico utilizado atualmente nas carteiras escolares, ele é frágil ao uso intensivo e polui mais que outros materiais em todas as suas fases (produção até o descarte). Já o ferro, mais barato que a madeira, oxida fácil e oferece perigo. Enquan­to que uma árvore demora aproximadamente de 20 a 30 anos para que seja possível ser novamente cortada e utilizada para o mobiliário, para o bambu, são necessários apenas de 3 a 5 anos dependendo da espécie.

O arquiteto Edoardo de Aranha (Revista Eco Arquitetura, 2008: 23) defende: “Se tratado adequadamente, ele apresenta durabilidade superior a 25 anos, equivalente a do Eucalipto, por exemplo.”, e com­pleta falando sobre tratamentos químicos para remoção de pragas como brocas e carunchos “cupins não se interessam pelo bambu”. Além de ser considerado um ótimo isolante térmico e acústico.



1.4.Bambu e madeira em termos gerais

De acordo com todo o material analisado dentro deste trabalho foi possível construir a tabela geral abaixo que compara o bambu e a madeira:

TABELA 01:Visão geral sobre bambu e madeira



1.5.Arte e Design

O bambu é utilizado há milênios e graças à tradição asiática hoje temos o privilégio de aprender e (re)desenvolver novos produtos baseados em técnicas antigas. Sabe-se sobre sua grande aplicabilidade para diversos fins e sua íntima relação com os orientais, muito bem definida pela frase, “Nós podemos viver sem carne; nós não vivemos sem bambu” atribuída ao mestre, teórico e filósofo Chinês Confúcio. Os Asiáticos são mestres no manuseio do bambu. No Brasil, mesmo seu uso ainda sendo muito restristo, incentivos são gerados como o concurso realizado pelo Salão Design Casa Brasil 2009, que teve uma cadeira em bambu como vencedora (foto 01).



Foto 01 e 02: Cadeira de Bambu vencedora do prêmio Salão Design Casa Brasil 2009, Paulo Fogiatto.

Fonte: Orebrasil – Salão Design 2009



1.6.Análise de tendências

O aumento de patologias de coluna na infância e a obesidade infantil vêm provo­cando transformações na sociedade em sua totalidade. “A criança em idade escolar permanece por várias horas sentada numa posição incorreta, utilizando carteira im­própria, o que provoca enfraquecimento da musculatura abdominal e dorsal” (PINHO et al e Duarte, 1995). A protrusão de ombros pode ser desencadeada pela cifose torácica, PINI (1978) cita que esta incidência é natural no processo de desenvolvimento da criança começando a partir dos 10 anos.

Perez (2002) em sua defesa de mestrado realizou uma pesquisa da amostragem ale­atória em Curitiba da relação de médicos ortopedistas e traumatologistas cadas­trados na UNIMED, além de fisioterapeutas que atuam em universidades e clínicas, e professores de educação física das escolas da Rede Municipal de Ensino, todos da cidade em questão. De acordo com os participantes das pesquisas realizadas por Perez, 95,2% consid­eraram o mobiliário escolar inadequado como causa da disfunção músculoesquelético em crianças e adolescentes sendo que 3,4% afirmaram o contrário e 1,4% não opi­naram. O quadro abaixo construído com as informações do trabalho de Perez, mostra as disfunções músculoesqueléticas mais freqüentes na coluna vertical ocasionadas pelo tempo excessivo na posição sentada.

Tabela 02: Mostra as disfunções na coluna vertebral causadas pelo longo tempo de permanência sentado.













Problemas detectados PorcentagemEscoliose23%Cifose25%Lordose13%Algias*1%Outros25%Encurtamento muscular12%Desequilíbrio1%

*Algia, dor num órgão ou região sem alterações anatômicas visíveis que justifiquem a dor. Fonte: Perez, 2002, p. 44

Campanhas de reeducação alimentar são trabalhadas, como a lançada em fevereiro de 2009 pela UICC (União Internacional de Controle do Câncer, a maior organiza­ção não governamental do mundo a trabalhar com a divulgação de dados e preven­ção da doença, 30% dos casos têm relação direta com o conjunto formado por má alimentação, sedentarismo e obesidade. Outra ONG americana chamada Active Life Movement, lançou em janeiro de 2009 uma campanha de conscientização diferente utilizando-se de imagens de brinquedos famosos obesos. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística) o índice de sobrepeso em crianças e adolescentes (6 a 18 anos) é de 15% e 5% são obesos, valores ainda em cresccimento. Além de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, o excesso de peso prejudica o desenvolvimento emocional dos jovens.

A Dra. Sandra Villares (médica e coordenadora do Ambulatório de de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo) em entevista ao Dráuzio Varella (2009) afirma que “As crianças não param quietas e consomem muita energia, mas por volta dos sete anos começam a fazer novamente tecido adi­poso.” Naturalmente uma em cada dez crianças com peso normal, já corre o risco de ficar obesa na fase adulta, caso a criança esteja acima do seu peso ideal, esse risco aumenta para quatro em cada dez crianças. Ela ainda adverte sobre uma avaliação realizada com 240 crianças,

“verificamos que certas crianças passam dez horas por dia assistindo à televisão, mais algumas horas dormindo e out­ras sentadas na escola,... o aumento da obesidade nos dias atuais não se deve aos genes,... nossa propensão genética para a obesidade encontrou ambiente favorável nos erros alimentares associados ao sedentarismo da vida moderna.”. (Sandra Villares, 2009)


1.7.Em pé / Semi-sentado

A chamada “carteira vertical” foi desenhada pela professora Abby Brown (2009), que dá aulas em uma es­cola estadual da cidade de Marine on St. Croix, no estado de Minnesota, Estados Unidos. Há dois anos, ela desenvolveu o projeto em parceira com uma em­presa de peças ergonômicas e, aos poucos, o móvel foi ganhando mais popularidade no país. Sinais já percebidos por alunos, professores psicólogos e médicos:

- Aumento de concentração/Foco; Sentimento de estar mais alerta; Melhora na escrita; Ausência do sentimento de confinamento; Menor ansiedade ao se movimentar; Melhora a atividade física; Maior queima de energia/combate obesidade; Melhor condicionamento físico das pernas; Maior e melhor interação com outras pessoas.


Imagem 04: Criança americana usando a “carteira vertical” desenvolvida pela professora Abby Brown

Pesquisadores da Universidade de Min­nesota estão coletando dados das salas de aula que adquiriram a carteira verti­cal. Eles estão conduzindo estudos para comparar o rendimento escolar e físico desses estudantes com os que usam as carteiras tradicionais (horizontais).

No Brasil, a pedido da prefeitura de Serrana, 315 km de São Paulo, pesquisadores do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) desenvolveram em 2008 a Linha de Apoio Ped­agógico Tupiniquim, o Lap Tup-niquim, também conhecida como Carteira Digital. Na mesma entevista, Victor Pellegrini Mammana, responsável pelo projeto, diz que o Lap Tup-niquim foi especialmente desenhado para atender às escolas públicas municipais, “Sabemos que há interesse pela carteira por parte do Ensino Superior, mas ainda há necessidade de estabelecer um trabalho mais estruturado com este segmento”, informa.


2. Pesquisa por imersão

As pesquisas foram realizadas na Escola Felipe Magalhães e na Associação Cultural Japonesa (Recife - PE) com crianças dentro da faixa etária determinada para este trabalho, dos 9 aos 12 anos de idade. Com o intuito de determinar os aspectos posi­tivos e negativos da relação da criança com a carteira escolar e outros aspectos di­retamente influenciáveis (professores, colegas de sala e ambiente de sala de aula) a técnica de pesquisa de observação foi aplicada. Por ser constituída não apenas em ver ou ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar, for­necendo uma abordagem qualitativa. Além disso, essa técnica possibilita ao pesqui­sador identificar e obter provas a respeito dos fatores que norteiam o comportamento dos indivíduos de forma inclusive, inconsciente (neste caso, crianças). Foram feitas em 8 (oito) visitas, quatro em cada estabelecimento, no total de 27 (vinte e sete) horas, com 73 (setenta e três) crianças. As etapas das análises são especificadas a seguir.

2.1. Hipótese a ser testada

Um mobiliário que atenda e auxilie as necessidades das crianças na execução de suas atividadesescolares.


2.2. Quanto aos objetivos

Mobiliário utilizado em todas as atividades; Ambiente de sala de aula; Atividades executadas; Interação com o mobiliário; Interação com outras crianças; Interação com o professor.


2.4. Requisitos projetuais

Aplicação - Carteira escolar.

Conforto - Espaço necessário para a criança desenvolver suas atividades dentro de sala de aula.

Segurança - O artefato não deve oferecer qualquer risco à saúde da criança.

Peso/Material - Matéria prima sustentável e peso total suficiente para que seja possível mobilidade para a configuração dentro da sala de aula. Espaço - Item muito requisitado pelas crianças. Espaços onde seus pertences como lápis, cadernos e livros poderiam ser guardados. Interação - Harmonia nas relações da carteira-criança, carteira-carteira, criança-criança.

Personalização - Construir o sentimento de apoderamento na criança com relação à carteira.

Viabilidade de produção - Preço, qualidade e sustentabilidade


3. Método 635

O método 635 é o mais conhecido desta classe de processos, e foi desenvolvido por Rohrbach (1969) com base no brainstorming, que gerava poucas idéias iniciais quan­do aplicado de maneira intensiva.

Este método tem esse nome, pois envolve 6 participantes, com 3 idéias a cada 5 minutos. O objetivo deste método é procurar soluções através de uma equipe in­terdisciplinar, cujas áreas de conhecimento dependem da natureza do problema a ser solucionado.

Os participantes foram expostos ao briefing: Carteira escolar para crianças de 9 (nove) a 12 (doze) anos de idade para atividades diárias inclusive na posição vertical (de pé). Após o desenvolvimento das idéias, foi pedido que eles selecionassem as 3 (três) gerações de cada página que mais os interessavam. Resultando num grupo de soluções utilizado para a elaboração da Caixa morfológica.


4. Caixa morfológica Com a combinação das soluções, foram configurados os elementos estruturais e fun­cionais do artefato em questão. Essa técnica proporciona uma representação do ob­jeto estudado, facilitando a tarefa de selecionar alternativas, e neste projeto, foi utilizado também para a geração das alternativas.

- Apoio para os pés; Fácil interação com as ferramentas; Configuração da sala de aula; Espaços para material; Interação prática entre criança-carteira; Personalização do móvel pela criança; Viabilidade de produção em níveis de sustentabilidade; Uso de Plyboo (laminado colado de bambu).

Após análise dos itens mencionados com os requisitos para o desenvolvimento da carteira escolar começaram a tomar forma, sendo os desenhos demarcados por linhas verdes indicam as alternativas que mais agradam, possuindo características que podem se enquadrar no design final da carteira.


5. Resultado da primeira evolução de alternativas

Após o desenvolvimento e análise das alternativas desenvolvidas, um desenho foi escolhido por apresentar todos os pontos mínimos determinados nos requesitos projetuais e a partir dele, protótipos e novas soluções foram elaboradas (imagem 05).


Imagem 05: Rascunho

6. Resultados da segunda evolução de alternativas

Após experimentos realizados com protótipos, novos modelos foram gerados e testados pelos usuários finais (alunos) como mostrados nas imagens a seguir (foto 06 e 07):

Foto 06 e 07: Alunas testando um dos protótipos desenvolvidos


Conclusões

A pesquisa de imersão foi realizada com sucesso nas duas escolas graças a boa recep­tividade e interesse das instituições e dos envolvidos, a análise do bambu como maté­ria prima sustentável, aliados aos resultados obtidos em pesquisas da área de saúde foram os fatores que permitiram a eficiência do modelo final desenvolvido nesta pesquisa. Este documento vem para suprir uma demanda específica e pontual além de reafirmar a necessidade de novos projetos serem formulados para que acompanhem as mudanças e as necessidades desse campo ainda pouco explorado e valorizado.

O uso de sistemas de fácil manuseamento, encaixes, otimização de espaço, liber­dade para o corpo e personalização da própria área de trabalho eram os pontos mais enfatizados quando se iniciou o processo de identificação na estruturação do docu­mento em questão. Tópicos esses que foram atendidos com o resultado obtido. Com o estudo realizado e através dos resultados obtidos de outras análises realizadas em diferentes localidades do país, mostrou-se também que os mobiliários atuais estão arcaicos e que pouco é feito para que se atenda essa área de extrema importância para a sociedade como um todo.

O interesse das crianças foi facilmente notado, não só ao participar ativamente das entrevistas, mas quando elas se viram alvo de um estudo para melhorar o seu “am­biente de trabalho”. Na opinião delas, o mobiliário atual é algo que não traz incentivo algum e até atrapalha o seu desempenho em sala de aula pelas dores causadas e pela má postura que acaba sendo adotada pela simples falta de opção. Diferentemente dos modelos aos quais as crianças foram expostas durante o decorrer desta pesquisa.

A variação de altura tanto do assento quanto do tampo de trabalho foi vista como solução extremamente necessária e alocada de forma eficiente. Os espaços para ma­terial escolar e em especial, a abertura no tampo reservado para o livro que a criança esteja utilizando para consultas rápidas, além da possibilidade de rearranjo da área de trabalho, tornou esse mobiliário mais interessante e as crianças assumiram uma postura diferenciada para com ele. Elas demonstraram interesse em produzir o mo­biliário, e também de cuidar dele, o que diminui as chances de depredação do móvel em questão, reduzindo custos de reposição.

A relevância dada foi tamanha que os protótipos em papel pinheiro e panamá foram “adquiridos” pelas crianças para uso no dia-a-dia, mesmo tendo sido esclarecido que tais materiais não suportariam serem usados por mais que alguns poucos dias. Cien­tes disso, os jovens requisitaram aulas de como construírem aqueles mesmos artefa­tos para que pudessem ter acesso ilimitado a tal mínimo conforto, já que não estavam dispostos a esperar que a escola fornecesse o mobiliário.

Em se tratando de sustentabilidade, foi possível diminuir drasticamente o uso do metal e de outros materiais que poluem intensamente o meio ambiente, como o plástico (polímero) utilizado nas carteiras escolares que, além de frágil, polui intensamente desde sua produção ao descarte. E mesmo o ferro tendo um baixo custo comparado à madeira, ele oxida e oferece risco. Não obstante, a madeira, ainda muito utilizada no mobiliário escolar, morre após o corte. Exemplificando, têm-se o Pinus, bastante em­pregado nesse tipo de mobiliário e considerado como uma das árvores de crescimento mais acelerado, que leva de 10 a 15 anos para sua maturação. Mas no geral, as árvores levam de 25 a 30 anos para atingirem maturidade e morrem logo após o seu corte.

Por isso, a substituição da madeira pelo bambu, vegetal com qualidades infindas e pouco estudado e usado no ocidente foi escolhida por ser este uma gramínea cujo corte funciona como uma poda, ou seja, favorecendo seu crescimento e promove lon­gevidade ao vegetal. E, mesmo sendo o Brasil um dos países com a melhor variação climática para o cultivo de mais de 140 espécies de bambu (Bambu Brasileiro, 2009), a cultura aqui praticada ainda é a de desvalorização para com essa matéria prima.

Para pesquisas futuras, estimula-se a inserção de um monitor no lugar do tampo maior de atividades. Como a já apelidada “Lap Tup-niquim”, também conhecida como “carteira escolar digital” do Centro de Tecnologia da Informação (CTI) de Campinas (SP). Atualmente, sabe-se que o protótipo custa cerca de R$ 1.300,00 e que serão necessários R$ 400 mil para que sejam equipadas cinco salas da quinta série, finan­ciados pela prefeitura de Serrana. “O projeto propõe ainda a utilização de mão-de-obra local em pequenas empresas a serem criadas em Serrana para produzir a parte mecânica das carteiras”, diz Carlos Mammana (Abinfo e Pesquisa Fapesp, 2008).

Pelo alto custo para a implementação do Lap Tup-niquim, seria interessante um maior e melhor estudo para que a inclusão de um tampo digital no presente projeto seja de baixo custo com o intuito de atingir uma maior parcela de estudantes. Defendendo ainda, um maior apoio a pesquisas sobre os melhores usos e formas de cultivo das espécies de bambu, a fim de suprir as necessidades sem que se retire da natureza hoje mais do que ela pode repor, prejudicando assim a disponibilidade desse material no futuro.

Aproveitando ainda o estímulo atual do Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2010) que iniciou a campanha “A solução não é punir menos, é punir melhor” acredita-se que poderia ser realizada uma qualificação básica para que eles pudessem produzir as carteiras escolares manualmente. Em qualquer ponto de sua produção, desde a retirada do bambu da natureza até o produto final.

A campanha, divulgada em todo o País, pretende mobilizar a população e a magistra­tura no sentido de discutirem ações que tornem a Justiça Criminal mais eficiente. “A segurança pública é uma questão que afeta a todos e merece amplo debate”, enfatiza o CNJ (2010). Na mensagem à população, o Conselho expõe que, em muitos conflitos crimi­nais, a adoção de penas socioeducativas, por exemplo, é o melhor caminho: “95% dos condenados a penas alternativas não voltam a cometer outro crime”.

Essa nova postura social proposta nesse documento é necessária não só pela necessidade de os recursos naturais serem utilizados de forma sustentável, mas foca-se mais ainda, numa melhor qualidade de vida de curto, médio e longo prazo.


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